Mineiro 2011 atípico perde charme sem o Mineirão e deixa BH sem futebol

28.1.11 | Marcadores:
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O Campeonato Mineiro 2011, que começa neste sábado (29), será marcado por uma situação no mínimo atípica: a ausência de jogos na capital mineira, especialmente no Mineirão, principal palco da tradicional disputa. O fato inusitado é lamentado não só pelos clubes da capital – Cruzeiro, Atlético-MG e América-MG –, mas pelos representantes do interior de Minas.

A falta do “gigante da Pampulha”, como ficou conhecido, tira até um pouco do charme do Estadual. “O Mineirão é o nosso Maracanã”, disse o vice-presidente do Democrata de Governador Valadares, Edvaldo Soares, ao lamentar a ausência do estádio. “Mas vai ser por um bom motivo”, conformou-se o dirigente, referindo-se ao fato de o Mineirão estar em reformas para a Copa do Mundo de 2014.

Com Independência, que seria a primeira opção ao Mineirão, também em reforma, os três representantes da capital mandarão seus jogos na Arena do Jacaré, em Sete Lagoas. Nos 96 anos de disputa do Campeonato Mineiro, apenas em 2002, quando Atlético, Cruzeiro e América não disputaram a competição, por causa da extinta Copa Sul-Minas, Belo Horizonte esteve fora da decisão.

Sete Lagoas, a aproximadamente 70 km da capital, receberá um a cada quatro jogos da primeira fase do Mineiro. Os clássicos entre Atlético, Cruzeiro e América estão previstos para a Arena do Jacaré. O primeiro deles ocorrerá na terceira rodada e o time celeste será o mandante do confronto com a equipe alvinegra.

O excesso de jogos na Arena do Jacaré preocupa o técnico do Atlético, Dorival Júnior, que teme pelo estado do gramado. “Está em excelente estado, mas daqui a pouco perderemos aquilo que é nosso principal campo, infelizmente”, alertou o treinador.

Contratado pelo Atlético no ano passado, Dorival já conhece a rotina de jogar em Sete Lagoas e, segundo ele, o ideal seria jogar na capital mineira. “Logicamente que você saindo de Belo Horizonte, é um fator altamente negativo, mas isso não podemos ficar lamentando, não. Temos, acima de tudo, que enfrentarmos, é uma situação real, ela existe, vai acontecer.”, ponderou.

A ausência do Mineirão não representa, no entanto, necessariamente vantagem aos clubes do interior. Para o supervisor de futebol da Caldense, Alex Ferreira Joaquim, até pode ser negativo. “Mesmo que o Mineirão esteja lotado, tem a pista de atletismo e a pressão é menor. A Arena do Jacaré lotada vira um caldeirão. Só vai favorecer a Cruzeiro, Atlético e América”, disse.

Logicamente que você saindo de Belo Horizonte, é um fator altamente negativo, mas não podemos ficar lamentando


O diretor de futebol do Uberaba, Ernani Nogueira, acredita, também, que a falta do Mineirão não prejudicará os clubes da capital. “Os times estão acostumados a jogar em outros campos. Não vejo isso como diferencial, não”, afirmou o dirigente.

Já o gerente de futebol do Villa Nova, Wellis Vaccaris, entende que jogar em Sete Lagoas pode, sim, tirar a força dos representantes da capital. “A Arena do Jacaré é neutra”, observou o dirigente do clube de Nova Lima, município da Região Metropolitana de Belo Horizonte.

Mais um obstáculo

A ida para o interior não será novidade a atleticanos, cruzeirenses e americanos. Depois de disputarem todas as partidas do segundo semestre de 2010 fora da capital, o trio da capital tentam se acostumar com a ideia de serem obrigados a viajar em todas as rodadas do Campeonato Mineiro.

Dorival Júnior vê o Atlético adaptado à Arena do Jacaré e aprova o campo, mas o fato de jogar fora de Belo Horizonte, segundo ele, é um obstáculo. “O campo é excelente, o campo faculta ás duas equipes proporcionarem um bom espetáculo, eu não vejo esse problema”, afirmou.


“Eu acredito que temos de nos preparar um pouco mais para que possamos superar também aquilo que seria mais um obstáculo, além do natural que são os nossos adversários”, acrescentou o treinador atleticano.

Embora tenham determinado a Arena do Jacaré como “sua casa” para o Estadual, os clubes da capital já estabeleceram a segunda opção para mando de campo na competição. Conforme previsto no regulamento, o Atlético tem como alternativa ‘b’ o Ipatingão e o América optou pelo Mário Heleno, de Juiz de Fora. O Cruzeiro, por sua vez, adotou o Parque do Sabiá, em Uberlândia.

No último Brasileirão, o Cruzeiro passou por Ipatingão, Parque do Sabiá e Arena do Jacaré, onde encerrou a competição. A falta do Mineirão para o Cruzeiro, portanto, não é considerada pelo técnico Cuca como uma vantagem para os adversários do interior.

“Para nós, já é uma rotina, porque já foi o Brasileiro assim, pelo menos da minha parte (desde junho). A gente tem de entender que nossa casa é lá em Sete Lagoas, ou em Uberlândia. É ruim para gente, mas ruim para o torcedor também. No domingo, era um prato cheio ver jogo no Mineirão e hoje já tem uma dificuldade bem maior. A gente tem de entender que é a nossa realidade”, avaliou.

No Estadual de 2010, o Mineirão foi alternativa inclusive para equipes do interior. O Ipatinga utilizou o estádio da Pampulha em boa parte de seus jogos na campanha do vice-campeonato, enquanto o Ipatingão passava por reformas para atender às exigências dos órgãos públicos quanto a medidas de seguranças. Na fase inicial, em quatro partidas como mandante, obteve 100% de aproveitamento. Como visitante, empatou com o Atlético por 1 a 1.

Foi ainda no Mineirão, que o Ipatinga conseguiu sua classificação para a final do Estadual de 2010. O Cruzeiro jogava pelo empate para chegar à decisão contra o Atlético, mas os visitantes triunfaram por 3 a 1. Desta vez, o time do Vale do Aço volta a atuar na sua tradicional casa.

Com o Ipatinga ou outra equipe do interior sendo a surpresa em meio aos times da capital, certo é que Belo Horizonte não será sede de algum dos dois jogos da decisão pela primeira vez em 97 anos de Campeonato Mineiro, contando com a participação de Atlético, Cruzeiro e América.

Para o Mineirão, o prazo para o término das obras está previsto para o fim de 2012. Já os responsáveis pela reforma do Independência apontam o segundo semestre de 2011 para conclusão do estádio, que será usado pelos clubes da capital.

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